Eu penso muito. O mundo aqui dentro imagina, analisa, absorve – tem informação demais. Mas acho que ele só faz mesmo sentido quando escrevo, quando desenho.
É no papel que simplifico o complexo e procuro o essencial – o nó da busca universal: me entender, entender o outro. Encarar o medo, sem autoengano, sem autocomplacência – mas também sem rigidez, com paciência e carinho por essa jornada imperfeita.
Leio com entusiasmo, observo o mundo o tempo inteiro. Quando ouço uma conversa, quando estou dentro de um livro, e também quando procuro palavras, quando ensaio traços, o mundo aqui dentro e o mundo lá fora se diluem um pouco um no outro. Vou percebendo que o que é mais intimamente meu é também profundamente seu. É humano.
É o que procuro quando escrevo, quando desenho: relacionar o mundo aqui dentro com esse outro universo todo. Lá fora. E aí dentro.
Mini bio
Jornalista e ilustradora, tenho mestrado em Literatura pela Sorbonne, em Paris. Repórter de política, há quinze anos participo da cobertura da Câmara dos Deputados. Publiquei os livros infantis A Rua de Todo Mundo e A História de Você. Com a obra Desenho-brinquedo, participei das exposições coletivas “Condição”, na Vila Cora Coralina, em Goiânia (GO), em 2024, e “O rumor da linha”, na galeria Piloto, em Brasília, em 2022. Fui coordenadora de criação do Festival Desenho Vivo e sou cofundadora do Quadrado, revista eletrônica que por dez anos discutiu a identidade urbana da capital do Brasil. Faço parte do grupo de estudo Teoria e Clínica Psicanalítica na Infância, da Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB). Sou mãe do João e do Pedro, dois caras legais à beça.